12 de dezembro de 2011

O passeio no Céu de Robert Monroe

Este trecho do “Viagens fora do corpo” do Robert Monroe muito me encanta. O pesquisador americano relata suas visitas a níveis mais altos do plano extrafísico. Poético. Vejamos:

“Três vezes ‘fui’ a lugares que não me deixam encontrar palavras para descrevê-los minuciosamente. De novo, é essa visão, essa interpretação, a visitação temporária a esse ‘lugar’ ou estado de ser que encerra a mensagem ouvida tão frequentemente no decorrer da história do homem. Estou seguro de que isso pode ser parte do supremo céu, como nossas religiões o classificam. Deve também ser o Nirvana, o Samadhi, a experiência suprema relatada para nós pelos místicos dos tempos. É verdadeiramente um estado de ser, muito provavelmente interpretado pelo indivíduo de formas bastante diversas.

Para mim era um lugar ou estado de pura paz, porém de emoção apurada. Era como se flutuasse em nuvens quentes e macias, onde não existe acima nem abaixo, onde nada existe como pedaço separado de matéria. O calor não paira meramente ao seu redor, vem de você e passa por dentro de você. Sua percepção fica ofuscada e assoberbada pelo Meio Ambiente Perfeito.

A nuvem na qual você flutua é varrida por feixes de luz em formatos e matizes que variam constantemente, e cada um traz benefícios quando você se banha neles no instante em que lhe passam por cima. Raios de luz vermelho-rubi, ou alguma coisa além que chamamos de luz, já que nenhuma luz jamais se fez sentir tão expressivamente. Todas as cores do espectro vão e vêm constantemente, nunca de maneira desarmoniosa, e cada uma traz um calmante diferente, ou felicidade pacificadora. É como se você estivesse e fizesse parte das nuvens cercando um ocaso eternamente brilhante e, com todos os padrões transformadores de cores vivas, você também mudasse. Você reage e absorve a eternidade dos azuis, amarelos, verdes e vermelhos, e a complexidade das cores intermediárias. Todas lhe são familiares. Você pertence àquele local. Ele é sua Casa.

À medida que se descola lentamente e sem esforço pela nuvem, você ouve música à sua volta. Não é coisa que veja. Permanece por ali o tempo todo, e você vibra em harmonia com a música. É muito mais do que a música convencional de origem conhecida. São apenas aquelas harmonias, as delicadas e ativas passagens melódicas, os contrapontos em multivozes, os harmônicos pungentes. São apenas esses que lhe conseguem evocar as emoções profundas, incoerentes do mundo convencional. O terreno está faltando. Coros de vozes parecendo humanas ecoam canções sem palavras. Infinitos padrões de cordas, em todas as nuanças de sutil harmonia, entrelaçam-se em temas cíclicos, porém evolutivos, e você ressoa com eles. Não existe origem para essa Música. Ela está aqui, em torno de você, você faz parte dela, e ela é você.

É a pureza de uma verdade da qual teve apenas pequena amostra. Isto é o festim, e os minúsculos petiscos provados por você antes, no mundo convencional, fizeram-no ansiar pela existência do Todo. Os indescritíveis estados de emoção,

Ânsia, nostalgia, senso de destino que sentia no mundo convencional, quando fitava o ocaso do Havaí, com as nuvens em camada; quando permanecia em silêncio no meio das árvores altas, ondulantes na floresta calma; quando uma seleção ou passagem musical, ou toda uma canção trazia recordações do passado, ou provocava um anseio sem imagem associada ao passado; quando sonhava com o lugar ao qual pertencia, fosse município, cidade, país ou família, agora isso está preenchido. Você está em Casa. Está no lugar a que pertence. Onde sempre deveria ter estado.

E o mais importante: não está sozinho! Ligados a você estão os outros. Não possuem nomes, nem você os conhece pelos formatos, mas os conhece, e está unido a eles por um grande e simples reconhecimento consciente. São exatamente como você; são você, iguais a você; estão em Casa. Você sente com eles, como suaves ondas de eletricidade passando por entre vocês, uma integração de amor, do qual todas as facetas por que você já passou são meros segmentos e porções incompletos. Somente aqui as emoções existem sem necessidade de exibição ou demonstração intensa. Você dá e recebe em ação automática, sem esforço deliberado. Não é uma coisa que você precise, ou que precise de você. O gesto de ‘querer alcançar’ desapareceu. O intercâmbio flui naturalmente. Você desconhece diferenças de sexo; como parte do todo, você é também tanto macho quanto fêmea, é positivo e negativo,elétron e próton. O amor homem-mulher vem para você e sai de você; pai-filho-irmão-ídolo e idílio e ideal, tudo isso se afeta reciprocamente em suaves ondas à sua volta, dentro e através de você , que fica em equilíbrio perfeito porque está no lugar ao qual pertence. Está em Casa.

Inserido em tudo isso, contudo sem dele fazer parte, você vem a conhecer a fonte de toda a extensão de sua experiência, de você mesmo, da vastidão além da sua capacidade de assimilar e/ou imaginar. Aqui você descobre e facilmente aceita a existência do Pai. Seu Pai de verdade. O Pai, o Criador de tudo que existe e existiu. Você é uma de Suas incontáveis obras. Como ou por que não se sabe. Não é importante. Você vive feliz simplesmente porque está no seu devido lugar; aquele a que realmente pertence.

Cada uma das três vezes em que estive Lá não regressei voluntariamente. Voltei triste, relutante. Alguém me ajudou a regressar. Cada vez, após meu retorno, sofri intensa nostalgia e solidão, durante muitos dias. Senti-me como um forasteiro deve se sentir no meio de desconhecidos, numa terra onde as coisas não são ‘certas’; onde tudo e todos são tão diferentes e ‘errados’, quando comparados com coisas no local de onde ele veio. Solidão aguda, nostalgia, e certa coisa análoga à saudade. Tão grande era que não tentei voltar Lá novamente.

Seria o céu?”

2 comentários:

Odessa Valadares disse...

A primeira vez que li sobre projeção astral foi lendo Shirley MacLaine. Na época que ela comentou publicamente suas experiências, incluindo lembranças de vidas passadas, a maioria das pessoas considerava-a louca e contra a religião.

Eu indico as obras como curiosidade, são extremamente acuradas ao mostrar, do ponto de vista do leigo, sua evolução espiritual; mas não são realmente um material 'didático'.

Johnper disse...

Estou encantado que a Doutora Pergolado passou por aqui.

Muito obrigado pela visita!

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